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Quem escreve deve saber que suas criações não são mais suas, mas de quem as lê.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

13:16 - 04/04/12


O tempo está nublado mas o céu não está chorando. Não há menos carros nas ruas, menos bicicletas em ciclovias, não há menos gente morrendo. Eu acendo um cigarro, trago, minha garganta arde. Meus pensamentos passam como cenas de filmes diante de meus olhos. Eu paro por um instante e observo você passar. Olhar fixo em nada, cabeça erguida, passos lentos. Você apenas passou. Eu trago. Meu coração palpita, meu sangue corre. Nem menos nem mais que antes. Paro alguns minutos e fico a me observar no reflexo do cinzeiro inoxidável, descubro que tenho olheiras e que minhas cicatrizes estão mais visíveis. Sinto meu anel escorregar pelo meu dedo e percebo que o mesmo está mais fino; mudo o anel de lugar. Trago. O cinzeiro está cheio de cinzas e filtros de cigarros já fumados, o vento sopra a fumaça de um cigarro recém mal-apagado em meu rosto, meus olhos ardem. A música que toca ao fundo desse espetáculo soa uma frase bonita: "Eu te dei o espaço para que você pudesse respirar. Eu mantive minha distância, assim você iria ser livre. Eu espero que você encontre a peça perdida para trazê-lo de volta para mim." Eu trago. Apago. Acendo. Trago. Agora tem menos carros, mal ouço o som da avenida agitada. Engulo seco, amargo. Minha garganta arde. Trago. O lento balanço da cadeira, o lento som da música entrando por meus ouvidos, correndo pelos meus vasos, coração, pulmão. Trago. Um último apelo sem resposta, um pulo para a próxima casa do jogo e outra frase bonita como dádva pra mim, pela música: "Não importa a distância, eu sempre vou te amar. Não importa o tempo que eu ficar, eu sempre vou te amar. O que quer que eu diga, eu sempre vou te amar. " Trago, Apago. (http://www.vagalume.com.br/adele/lovesong-traducao.html / http://www.vagalume.com.br/adele/dont-you-remember-traducao.html)