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Quem escreve deve saber que suas criações não são mais suas, mas de quem as lê.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Engraçado, bonito e chato

Engraçado como agora consigo te odiar por mais de 5 minutos. Hoje acordei com cólica e claro, lembrei de você. Perdi as contas de quantas vezes te liguei fazendo manha e você mesmo sem querer me mimava. Bonito aquele seu gesto de ficar ouvindo minhas lamentações. Eu, tão grande e mimada. Chorando por uma dor que sempre volta. E você a me ouvir. As vezes você sumia. E eu quase morria. Tinha vontade de te ligar e dizer: “fica comigo enquanto minha dor de te perder não passa". Porque toda as vezes que você some ou deixa de falar comigo, sinto uma dor bem maior que qualquer cólica. É chato quando você gosta de alguém e esse alguém gosta de qualquer outra coisa no mundo, menos de você. E perdi as contas de quantas vezes eu falei que não te queria mais por perto e depois de 5 minutos sorria por qualquer graça sua. Até das que não tinha graça... Porque pra te agradar, eu me desagradava. Engraçado, bonito e chato como agora consigo te detestar por mais de 5 minutos, dormir e deixar o celular no silencioso sem ao menos me importar se você vai me ligar. Engraçado, bonito e chato como o seu olho continua sendo um do mais bonitos que eu já vi. E mais engraçado ainda como no momento isso não me encanta. Não mais e sem mas. (T.B.)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

"Se não for pra sempre, não é amor." Será?


Temos o seguinte clichê: você conhece alguém, se apaixona, cria expectativas, faz planos, realiza alguns desses, vive cada segundo intensamente, afinal o início do relacionamento é sempre maravilhoso, não é?
Você se afasta um pouco dos amigos porque quer passar cada segundo do dia com a pessoa, pensa na pessoa o dia inteiro, não tira o celular do bolso porque fica ali esperando uma ligação, uma mensagem que seja. Posta fotos com legendas maravilhosamente românticas na rede social e fica vigiando a repercussão, afinal, quem é que não quer sair gritando pros quatro ventos o quanto está feliz por ter se apaixonado perdidamente por essa pessoa, não é?
Você fala dele pros seus amigos como uma criança fala da mãe. Seus amigos falam pra ele o quanto seus olhos brilham quando você fala dele! Você morre de vergonha. Você mal pode esperar pra vê-lo novamente. "Vocês são tão fofos juntos!" Então, você começa a conhecer o seu parceiro. Seus costumes estranhos, suas manias engraçadas, irritantes... Seus defeitos. Surgem as dificuldades. Algumas que sempre estiveram ali mas você passou a enxergá-las apenas porque aquele encanto do início começou a passar. O passado começa a ter a importância que não tinha quando vocês iniciaram esse relacionamento. Você começa a perder um pouco da doçura com que ignorava as manias e defeitos dele, e vocês tem a primeira briga. Depois a segunda. A terceira. Descobrem a coragem que antes não tinham de começar a estabelecer regras, muitas vezes abusivas, com a desculpa de que é o melhor pra que vocês possam dar certo. E vocês começam a perceber que tudo tem estado monótono. "Vocês brigam por qualquer cosinha!"
Você começa a falar mais dele pros seus amigos, mas dessa vez está desabafando sobre o quanto ele tem te irritado. Seus amigos estão te dando a razão, afinal, você obviamente não vai contar a história de uma maneira que você não pareça tão correta. Coloca um pouco da culpa em você, pois você é franca, mas também é vítima.  Seus amigos não gostam mais tanto dele. "Talvez seja melhor vocês terminarem agora, do que terminarem depois de uma maneira pior."
E então, vocês se esquecem daquele início gostoso que tiveram. Das decisões que tomaram pra continuarem juntos, de tudo que abriram mão, de todos que vocês "passaram por cima por esse amor maravilhoso". E se despedem. Sofrem. Sentem falta. "Quero morrer!" "Como sou trouxa!"
Talvez, vocês nem tiveram realmente um motivo pra terminar. Mas a saudade faz o que quer com a cabeça da gente, não é? Vocês pensam em voltar. Voltam a se falar, voltam a tentar. E percebem que não confiam tanto um no outro quanto confiavam antes. Estão confusos, e depois de tantas tentativas, alguém se cansa e se despede, sem volta. E o outro sofre. Aí sim alguém sofre! E vocês começam a duvidar que era amor, começam a pintar a vítima que sempre foram pras outras pessoas e se afastam de vez. A auto estima começa a voltar, a vida começa a voltar ao normal, e então vocês dois finalmente concordam em algo: ao conversar sobre o assunto com alguém, dá de ombros e solta a grande besteira: "Se não foi, é porque não era pra ser. Um dia encontrarei o verdadeiro amor!"

Essa busca constante do "verdadeiro amor", o amor que dura pra sempre, é justamente o que nos impede de encontrá-lo. Alguém fez o favor de inventar que o verdadeiro amor é apenas um em toda vida, que ele dura pra sempre, que ele não peca, que ele existe. E acreditando nisso nós criamos a pior bola de neve que podemos ter em nossas vidas: pular de braços em braços, com o ego inflado acreditando sermos merecedores da pessoa perfeita, acreditando que um dia encontraremos uma pessoa com quem viveremos "o início do relacionamento" pra sempre. Acreditando que nunca precisaremos discutir realmente com essa pessoa ou ter uma dor de cabeça pós discussão, pois ela vai te entender sempre, te tratar sempre com uma rainha, ser sempre paciente e engraçada, nunca estará de mal humor, vocês terão dois filhos e um cachorro, vão ajudar crianças de rua e viver aquele conto de fadas sem fim.
Não! Não existem contos de fadas. A pessoa as vezes vai estar de mal humor, as vezes vai ser injusta com você, as vezes vai errar, vai deixar o copo sujo depois que você limpou a casa inteira e está morta de cansaço. Mas as vezes, essa pessoa vai estar ao seu lado nas enfermidades, na sua TPM ou no seu stress sem motivo. As vezes, a pessoa vai se desculpar e arrumar a casa pra você hoje. As vezes a pessoa vai te dar um "bom dia" e um beijo, vai te socorrer numa dessas dificuldades do dia a dia. Vai te amar nas pequenas atitudes e aceitar uma noite sem sexo porque você está com dor de cabeça, mas na verdade está apenas cansada ou sem tesão algum. Vai aceitar mesmo se você estiver realmente doente ou simplesmente não quiser. As vezes, ela também não vai querer. Isso não quer dizer que o amor acabou. Quer dizer apenas que o conto de fadas não é o que aprendemos nas fábulas infantis e expectativas doentes criadas pela sociedade. O amor vai muito além de estar apaixonado o tempo todo. Faz parte do amor você odiar a pessoa por algum momento, mas odiar quem a odeia, sempre. Faz parte do amor você brigar, se irritar e xingar a pessoa mas armar o barraco quando alguém faz o mesmo com ela. Faz parte do amor você escolher estar com alguém ainda que tenha consciência que de quase nada será perfeito e o mundo é mais cruel do que parece. Faz parte do amor você não ter medo de dizer que amou com quem você esteve antes, mas que ama com quem você está agora. Faz parte do amor você entender que a pessoa também amou alguém antes de você, mas que isso não significa que ela não te ama verdadeiramente hoje. Faz parte do amor você entender que o amor não é único mesmo sendo tão parecido em todas as vezes que você disse amar alguém. É ilimitado e maravilhoso com todas suas imperfeições.